Conheça a ONG atingida por ataque de Israel em Gaza, que já entregou mais de 32 milhões de refeições na região

Voluntários do grupo World Central Kitchen na Faixa de Gaza
Voluntários do grupo World Central Kitchen na Faixa de Gaza — Foto: Reprodução/World Central Kitchen

Alvo de um ataque “não acidental” israelense na Faixa de Gaza nesta segunda-feira, que matou sete de seus trabalhadores humanitários, a World Central Kitchen (WCK) é uma das organizações responsáveis pelo envio de auxílio alimentar para Gaza com navios que partem da nação mediterrânea do Chipre. A ONG, sediada nos Estados Unidos e liderada pelo chef hispano-americano José Andrés, foi a primeira a enviar remessas para o enclave palestino através de corredor marítimo, em parceria com a ONG Open Arms.

A WCK conta com equipes em Gaza desde o início da guerra entre Hamas e Israel, em 7 de outubro, e chegou a construir um cais — cuja localização não foi divulgada por razões de segurança — para descarregar a ajuda. Entre as centenas de toneladas de alimentos transportados, há produtos como “arroz, farinha, legumes, vegetais enlatados e proteínas”, que são distribuídos pela organização.

— Estamos tentando fazer o impossível — disse Andrés, sobre a construção do cais. — Vale a pena tentar o impossível para alimentar a população de Gaza.

São 65 cozinhas comunitárias na região e cerca de 350 mil refeições distribuídas diariamente. Os organizadores e cozinheiros palestinos que trabalham com a World Central Kitchen já serviram mais de 32 milhões de refeições em Gaza, segundo o grupo.

Após cinco meses de guerra, a ONU estima que 2,2 milhões de pessoas, a grande maioria da população, estejam ameaçadas pela fome em Gaza, especialmente no norte do enclave, onde destruição, combates e saques tornam quase impossível o transporte de ajuda humanitária.

Para Andrés, levar alimentos e ajuda para Gaza tem sido assustador. A World Central Kitchen também tem recorrido ao fornecimento de ajuda por meio de lançamentos aéreos com a Força Aérea Real da Jordânia, prática condenada por algumas organizações e que já levou a mortes por afogamento.

Andrés fundou a organização após o terremoto de 2010 no Haiti, que matou cerca de 300 mil pessoas. Desde então, ele respondeu a vários desastres naturais e guerras nos Estados Unidos e no exterior. A associação serviu milhões de refeições em 2017 para os porto-riquenhos afetados pelo furacão Maria, para os ucranianos afetados pela guerra contra a Rússia e, mais recentemente, para as pessoas que estavam lidando com incêndios no Chile e no Texas, entre outros lugares.

— Precisamos mirar na lua, porque qualquer lugar que cairmos vale o esforço — disse ele.

A associação é o maior programa de alimentação emergencial já criado por um grupo de chefs, servindo mais de 350 milhões de refeições desde sua fundação. Seu impacto é imediato porque ele e sua equipe podem se organizar rapidamente, coordenar cozinhas em condições adversas e obter ingredientes e equipamentos.

As cozinhas da ONG, como as em Gaza, geralmente são gerenciadas por moradores locais, que preparam sua comida. Muitas das receitas foram compiladas em um livro de receitas da World Central Kitchen, publicado em setembro.

A ação da ONG em Gaza é reconhecida internacionalmente e o bombardeio que causou a morte de seus trabalhadores gerou grande repercussão e cobrança de explicações a Israel, além de pedidos de cessar-fogo e de desculpas das Forças Armadas. Nesta terça, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu que as mortes aconteceram durante um bombardeio “não intencional” israelense.

— Isto acontece numa guerra (…), estamos em contato com os governos e faremos todo o possível para que isso não aconteça novamente — disse o premier, no hospital onde foi submetido a uma cirurgia no domingo para tratar uma hérnia.

Fonte: O Globo

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