Chuvas no Rio Grande do Sul: traumas em animais após resgate podem ser tratados com amor, diz especialista

Após resgate, animais reproduziram ações feitas em meio à tragédia no Rio Grande do Sul
Após resgate, animais reproduziram ações feitas em meio à tragédia no Rio Grande do Sul — Foto: Reprodução

Após horas ou até dias em situação de desespero depois das fortes chuvas no Rio Grande do Sul, o que fica para muitos animais é algum nível de trauma. É o que mostram, pelo menos, alguns vídeos que viralizaram nas mídias sociais, nos quais cães e outros bichos aparecem fazendo movimento de nado mesmo não estando na água.

Em outros registros, cachorros podem ser vistos sobre o teto de suas casinhas, em abrigos — uma repetição da cena muitas vezes vista no estado, quando animais, sem terem para onde ir em meio à inundação, ficaram em cima de telhados.

Diante disso, Flávio Moutinho, professor da faculdade de veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirma que apenas o tempo pode resolver. O amor dos tutores, nesse sentido, é fundamental para a total recuperação dos bichos.

— O abrigo precisa dar, dentro do possível, tranquilidade para os animais, além de espaço para que possam exercer suas características naturais. Isso é bem-estar, garantindo que fiquem livres de fome e sede que os marcaram o período anterior. Mas só o tempo pode curar. É claro que a presença do tutor ou do responsável junto ao animal é fundamental porque ali existe uma relação de empatia, confiança e, sobretudo, amor. Essa troca vai possibilitar, a médio e longo prazo, a melhora dos animais e também dos humanos — diz ele.

Um dos vídeos que se tornou viral é o compartilhado nas mídias sociais pela dentista Camila Heluany, que está atuando como voluntária no resgate e cuidado com animais em Canoas (RS). Nas imagens, o cachorro aparece movimentando as patas como se estivesse nadando.

De acordo com Moutinho, comportamentos semelhantes a esse podem ocorrer devido às marcas deixadas nos animais após os momentos da tragédia climática. Mas esse transtorno, segundo ele, ainda não foi estudado a fundo pela ciência.

— A questão do trauma não funciona da mesma maneira para os animais como acontece com as pessoas, já que a racionalidade das espécies é diferente. No entanto, sem dúvida, esses episódios de desastres, como o que está ocorrendo agora no Rio Grande do Sul, deixam marcas nesses animais — diz o especialista. — É uma situação nova, que não está explicada ainda pela ciência. Pode estar associada ao grande tempo que os animais ficaram nadando buscando a sobrevivência. Pode ser pelo simples fato de eles continuarem muito molhados e acharem que ainda estão na água.

Fonte: O Globo

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