Casos de HIV crescem no Rio Grande do Norte 93% em 10 anos

Aids

Entre os anos de 2010 e 2020, os casos de infecção pelo HIV no Rio Grande do Norte cresceram 93,1%. Isso significa a ocorrência de 6.158 casos no período. Os dados constam no mais recente Boletim Epidemiológico HIV/Aids da Secretaria de Estado da Saúde Pública e foram analisados por médicos e multiprofissionais do Instituto Santos Dumont (ISD), em Macaíba. No estado, o documento detalha aumento de registros de casos em todas as faixas etárias, em ambos os sexos, assim como entre grávidas e na ocorrência de óbitos pela infecção. Na quarta-feira, 1º de dezembro, ações em todo o mundo foram dedicadas ao Dia Mundial da Aids, doença que já matou 33 milhões de pessoas desde sua descoberta, nos anos 1980.

O Boletim em referência foi elaborado pelo Programa Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), Aids e Hepatites Virais. Ele apresenta uma análise epidemiológica sobre os casos confirmados de Aids em adultos e crianças, de mortalidade pela doença, de infecção pelo vírus HIV, de grávidas infectadas e de crianças expostas ao vírus. Conforme exposto, entre 2010 e 2020, o Rio Grande do Norte apresentou 6.232 casos de Aids. Desses, 70 foram em menores de cinco anos de idade; 6.158 casos de infecção pelo HIV; 995 gestantes infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana. O número de óbitos pela doença, no período analisado, chegou a 1.365.

Em termos percentuais, somente a taxa de detecção do vírus em menores de cinco anos caiu no período: 43%. As demais aumentaram significativamente. A detecção do HIV cresceu 18,6% (de 14,0 para 16,6 casos por 100 mil habitantes). A ocorrência de gestantes infectadas pelo HIV aumentou 142% (de 1,2 para 2,9 casos por mil nascidos vivos). O número de crianças expostas ao vírus teve a evolução mais dramática: 877% de 2010 a 2020. A ocorrência de óbitos causados pela Aids cresceu, no mesmo intervalo, 15,7% em todo o Rio Grande do Norte.

“É uma doença de difícil controle. Depende do comportamento das pessoas. Há uma queda no uso de preservativos, principalmente entre os jovens. Em 2020, houve queda no número de testes e aumento na identificação de casos. Depende muito de cada um. Ações nas escolas, de forma educativa para os adolescentes, são muito importantes. Quanto mais informação, melhor é a prevenção. Isso não tem sido realizado nas escolas públicas e privadas, por exemplo. O estado está preparado para esse aumento de demanda de casos, para atendimento de pacientes com HIV e Aids, com distribuição gratuita de medicamentos enviados pelo Ministério da Saúde. O ideal, porém, é conscientizar a população para a prevenção. Não é porque a Aids não mata mais como antes que as pessoas devem perder o medo de contrair a doença”, frisa Amanda Dantas, técnica do Programa Estadual de IST, Aids e Hepatites Virais da Sesap/RN.

Na década em questão, foram registrados 4.441 casos em homens (71,3%) e 1.791 casos em mulheres (28,7%). A Sesap verificou aumento na razão de sexos em 2020, com 3 casos em homens para cada 1 caso em mulheres. A maior concentração de ocorrência de HIV entre 2010 e 2020, foi observada nos indivíduos com idade de 30 a 39 anos (31,1%). A principal via de transmissão, no período analisado, foi a sexual, em 53% dos casos. Entre os homens, a categoria de exposição predominante foi a homossexual/bissexual com 27,5%. Entre o sexo feminino, a maior ocorrência é entre heterossexuais, com 55,6%. Nos homens, a faixa etária que apresentou maior variação foi a de 60 anos e mais (100%) e, nas mulheres, o maior crescimento foi observado na faixa etária de 30 a 39 anos.

A preceptora médica infectologista do ISD, Manoella Alves, faz um alerta em relação ao aumento de casos de infecção pelo HIV entre os mais jovens. “Infelizmente, no estado, assim como no país, a gente tem uma grande quantidade de jovens se infectando. Uma faixa etária entre 20 e 29 anos, na qual eu tenho feito muitos diagnósticos. O que é uma pena. Além de todo o trabalho para que esse jovem se proteja no ato sexual, existe a PREP, que é a Profilaxia Pré-Exposição. Esse programa existe dentro do Sistema Único de Saúde (SUS)”, ressalta.

 

Tribuna do Norte

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