Casos de estupro em 2023 mais que dobram em SC, estado que registra a maior alta do país

Casos de estupro em 2023 mais que dobram em SC

Os casos de estupro em Santa Catarina aumentaram 103,9% no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta segunda-feira (13). O número representa o maior crescimento do país, seguido pelo Rio Grande Norte e Rondônia, com um aumento de 57% e 54,4 % nos casos, respectivamente.

O número de ocorrências passou de 1.024, em 2022, para 2.088 em 2023. É o maior registro da série histórica desde 2019. A publicação faz referência ao dia 25 de novembro, reconhecido como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Além dos casos de estupro, o relatório também apresenta dados recentes de feminicídios, homicídios femininos e estupros de vulnerável no primeiro semestre deste ano.

Todas as regiões apresentaram crescimento nos casos de estupro durante o período analisado. O Sul desponta na classificação, com aumento de 32,4%, enquanto o Sudeste fica em último lugar, com 4,8%. A lista ainda é composta pelos estados do Rio de Janeiro, que registrou aumento de apenas 0,2% nos casos, e São Paulo, com 0,3%. A maior queda foi em Mato Grosso, estado que apresentou variação negativa de 25%, de 885 casos em 2022 para 664 no ano seguinte.

Ao todo, foram registrados 34 mil casos de violência sexual e estupro de vulnerável no primeiro semestre deste ano no Brasil, crescimento de 14,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso significa que a cada 8 minutos uma menina ou mulher foi estuprada entre janeiro e junho, maior número da série iniciada em 2019. De acordo com a pesquisa, o aumento verificado nos últimos anos pode estar associado à maior compreensão do que é a violência sexual, com a maior visibilidade de casos recentes.

Os dados correspondem aos registros de boletins de ocorrência em delegacias de Polícia Civil de todo o país. Segundo o fórum, os números podem ser ainda maiores dada a subnotificação de casos de violência sexual. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) estimou que apenas 8,5% dos estupros no Brasil são registrados pelas polícias e 4,2% pelos sistemas de informação da saúde. Com isso, o número de casos subiria para 425 mil nos primeiros seis meses de 2023.

Nos boletins de ocorrência, 74,5% dos casos registrados foram de estupro de vulnerável, ou seja, vítimas com menos de 14 anos ou incapazes de consentir (por enfermidade, deficiência mental ou outra causa que não pode oferecer resistência).

Em 2022, a maioria das vítimas, 88,7%, eram do sexo feminino, e 56,8% eram negras. Desse total, mais da metade delas tinham entre 0 e 13 anos de idade, e 8 em cada 10 tinham menos de 18 anos.

Quando analisado o vínculo entre vítima e autor, o estudo verificou que os agressores geralmente são conhecidos das vítimas. Entre as crianças de 0 a 13 anos, 86,1% dos criminosos eram, na maioria, familiares como avôs, padrastos e tios.

Fonte: O Globo