Casa Branca condena ‘promoção abominável’ de antissemitismo por Musk no X

A Casa Branca condenou, nesta sexta-feira, Elon Musk, proprietário da rede social X (antigo Twitter) e a pessoa mais rica do mundo, por realizar uma “abominável promoção” do antissemitismo on-line. Referindo-se a uma postagem de Musk na plataforma, em que ele apoia uma teoria de conspiração antissemita, o porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, afirmou que era “inaceitável” repetir uma “mentira tão absurda”.
— Condenamos nos termos mais veementes essa abominável promoção do ódio antissemita e racista, que vai contra nossos valores fundamentais como americanos — disse Bates. — Temos todos a responsabilidade de unir as pessoas contra o ódio e a obrigação de falar contra qualquer pessoa que ataque a dignidade de seus compatriotas americanos e comprometa a segurança de nossas comunidades.
A reação da Casa Branca se refere a uma postagem de Musk na qual o controverso magnata da Tesla e SpaceX respondeu a uma publicação antissemita no X dizendo: “Você disse a verdade”.
A Casa Branca e os meios de comunicação americanos interpretaram a publicação original como uma referência a uma antiga teoria de conspiração entre os supremacistas brancos, alegando que os judeus têm um plano secreto para trazer imigrantes ilegais com o objetivo de enfraquecer as maiorias brancas. A ideia foi promovida, entre outros, por quem, em 2018, realizou um ataque armado em uma sinagoga na cidade de Pittsburgh, resultando na morte de 11 pessoas.
A condenação ocorre em meio a suspensões de publicidades de empresas e entidades, como a IBM e a Comissão Europeia, no X. Conta também o fato que anúncios de empresas como IBM e Apple têm aparecido com cada vez mais frequência ao lado de publicidade antissemita, o que tem incomodado as companhias.
Em comunicado, a IBM disse que “tem tolerância zero com discurso de ódio e discriminação, e suspendemos imediatamente toda a publicidade no X enquanto investigamos esta situação totalmente inaceitável”.
As plataformas de redes sociais em geral têm enfrentado um escrutínio crescente desde que o Hamas atacou o território israelense em 7 de outubro, levando à retaliação de Israel. O discurso de ódio antissemita e islamofóbico surgiu nos sites e tem sido especialmente proeminente no X, de acordo com a ADL e investigadores. Na noite de quarta-feira, mais de uma dúzia de criadores e celebridades judias também confrontaram os executivos do TikTok em uma reunião privada, instando-os a fazer mais para lidar com o aumento do antissemitismo e do assédio na plataforma de vídeos.
De acordo com a ADL, o conteúdo antissemita disparou mais de 919% no X e 28% no Facebook desde 7 de outubro. Já o discurso de ódio antimuçulmano no X aumentou 422% em 7 e 8 de outubro, e aumentou 297% nos cinco dias seguintes, disse o Instituto para o Diálogo Estratégico, um grupo de defesa política com sede em Londres.
Em plataformas marginais como 4chan, Gab e BitChute, o conteúdo antissemita e islamofóbico aumentou quase 500% nas 48 horas após 7 de outubro, de acordo com o Projeto Global Contra o Ódio e o Extremismo, uma organização sem fins lucrativos que rastreia o discurso de ódio e o extremismo.
— Atores de ódio aproveitaram a oportunidade para sequestrar plataformas de mídia social para transmitir seu preconceito e mobilizar a violência no mundo real contra judeus e muçulmanos, causando ainda mais dor ao mundo — disse ao New York Times Imran Ahmed, diretor do Centro de Combate ao Ódio Digital, que monitora as mídias sociais em busca de discursos de ódio. (Com AFP e NYT.)
Fonte: O Globo