A mais óbvia consequência da decisão de Flávio Bolsonaro de escancarar seu papel de investigado no caso Queiroz é ampliar as suspeitas que já o atingiam. A segunda, aumentar significativamente o desgaste do Palácio do Planalto. Ao longo das duas últimas décadas, Jair Bolsonaro trabalhou para consolidar seu clã político. Se isso lhe garantiu o bônus de aumentar a exposição de sua imagem, garantindo que seu sobrenome se multiplicasse em cada campanha que seus herdeiros disputavam, por outro tornou os atos dos filhos indissociáveis dos do pai. Se um Bolsonaro está em apuros, é inevitável que os outros saiam arranhados.
O caso Queiroz mina, a um só tempo, o capital político do presidente Jair Bolsonaro e a imagem do filho que seria o principal articulador entre senadores – tradicionalmente menos adesistas que os deputados. Não é pouca coisa. Em vez de tentar impedir a investigação, Flávio Bolsonaro ajudaria mais o governo do pai, e o país, se ajudasse a esclarecer as muitas dúvidas que pairam sobre as movimentações financeiras de seu ex-assessor. Nesta sexta-feira, o ministro Marco Aurélio Mello deixou claro que a família presidencial não deve contar com ele para interromper as apurações.