Bebês prematuros levados de Gaza para o Egito; 11 recém-nascidos estão em condição crítica

Médicos egípcios transportam bebê palestino prematuro evacuado de Gaza para uma ambulância
Médicos egípcios transportam bebê palestino prematuro evacuado de Gaza para uma ambulância — Foto: AFP

Vinte e oito bebês prematuros foram levados da Faixa de Gaza para o Egito nesta segunda-feira (20), em um momento de extrema dificuldade para os hospitais do território devido à falta de abastecimento no território palestino, cercado e bombardeado sem trégua pelo Exército israelense.

Nesta segunda-feira, o grupo Hamas atualizou para 13.300 o número de mortos desde o início da guerra contra Israel. O grupo afirma que entre os mortos, 5.600 eram menores de idade e 3.550 eram mulheres.Os ataques aéreos israelenses, em resposta aos ataques do Hamas em Israel, também deixaram 31.000 feridos, de acordo com a mesma fonte.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que 28 bebês retirados do Hospital Al Shifa, o maior de Gaza, chegaram ao Egito nesta segunda-feira. A OMS informou que “11 bebês estão em condição crítica” e todos sofrem “infecções graves”. Dezesseis já chegaram ao Hospital El Arish, 45 km ao oeste da passagem de fronteira de Rafah.

O porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al Qidreh, afirmou que pelo menos “12 pacientes e acompanhantes” morreram em um bombardeio nesta segunda-feira contra o Hospital Indonésio da cidade de Gaza.

“Há quase 700 pacientes e profissionais da saúde no hospital”, que fica próximo do campo de refugiados de Jabaliya, afirmou o porta-voz. Ele expressou o temor de que “aconteça o mesmo que ocorreu em Al Shifa”, em referência ao centro médico que foi esvaziado recentemente.

No domingo, o Exército israelense anunciou que levaria os combates a “novos bairros da Faixa de Gaza, onde sua ofensiva aérea e terrestre deixou mais de 13.000 mortos, incluindo milhares de crianças, segundo o movimento islamista, que governa o território palestino.

A guerra começou com o violento ataque do Hamas em Israel no dia 7 de outubro, quando 1.200 pessoas foram assassinadas e 240 foram sequestradas pelos combatentes islamistas.

O Exército de Israel acusa o movimento islamista de utilizar os hospitais com fins militares e os civis como “escudos humanos”, algo que o Hamas nega.

As forças israelenses iniciaram na semana passada uma operação contra o Hospital Al Shifa, o principal de Gaza, que a OMS descreveu com uma “zona de morte”

No domingo, o Exército israelense divulgou imagens – das quais a AFP não conseguiu verificar a autenticidade com fontes independentes – de dois reféns, do Nepal e da Tailândia, que foram levados para o Hospital Al Shifa, um deles arrastado na entrada por cinco homens e outro ferido, em uma maca.

“Ainda não localizamos os dois reféns”, declarou o porta-voz militar Daniel Hagari

Israel também acusou o Hamas de executar a militar Noa Marciano, de 19 anos, em Al Shifa e apresentou imagens do que seria um túnel de 55 metros sob o hospital.

O diretor do departamento de cirurgia de Al Shifa declarou à AFP no domingo que as tropas israelenses permaneciam no hospital, que está cercado por tanques. Outros médicos afirmaram que os militares seguiam de prédio em prédio, detonando explosivos nos andares térreos e nos porões em busca de túneis do Hamas.

A intensificação dos combates no norte de Gaza obriga muitos civis a fugir para o sul, caminhando entre os escombros ao som do barulho das explosões.

“É como o apocalipse, é difícil, muito difícil”, declarou Renad al Helou, sem conter o choro. “Pessoas perderam os filhos e filhas, há feridos e mulheres grávidas”.

Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e rejeita um cessar-fogo antes da libertação dos reféns, um tema que é objeto de negociações.

Os mediadores do Catar afirmaram no domingo que as discussões para libertar alguns reféns avançam e enfrentam alguns obstáculos “menores”, mas não revelaram detalhes nem prazos.

Entre as pessoas sequestradas estão israelenses e estrangeiros, incluindo crianças, adolescente e idosos.

Joe Finer, conselheiro adjunto de Segurança Nacional dos Estados Unidos, declarou ao canal NBC que o acordo está “mais próximo do que nunca”, mas alertou que “nada está acordado até que tudo esteja acordado”.

Em Londres, Thomas Hand, pai de Emily, uma menina sequestrada pelo Hamas, afirmou que a filha completou nove anos na sexta-feira “nos túneis de Gaza”.

“Há um grande buraco no meu coração que não será preenchido até que ela volte”, afirmou.

Os ministros das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Egito, Arábia Saudita, Jordânia e Indonésia se reuniram nesta segunda-feira em Pequim com seu homólogo chinês, Wang Yi, que declarou que a comunidade internacional deve “agir com urgência para frear o desastre humanitário” em Gaza.

Funcionários palestinos informaram que um hospital de campanha enviado pela Jordânia, acompanhado de 170 profissionais da saúde e técnicos, entrou nesta segunda-feira na Faixa de Gaza e será instalado em Khan Yunes.

“A situação é catastrófica nos hospitais do sul, que recebem centenas de feridos a cada dia devido aos bombardeios aéreos e de artilharia”, declarou à AFP Mohammed Zaqut, diretor-geral dos hospitais da Faixa de Gaza.

A ONU afirma que mais de dois terços dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra.

Fonte: O Globo

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