Aumento de 960% em ataques antissemitas fez polícia antecipar ação que prendeu sete líderes de grupos neonazistas, no Brasil

Desde o início do conflito entre Israel e Hamas, ameaças e manifestações antissemitas cresceram 960% no país, afirmou a delegada Tatiana Bastos, da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, citando dados da Confederação Israelita do Brasil. Com o aumento dos casos, a terceira fase da Operação Accelerare foi deflagrada antecipadamente, nesta terça-feira (14). A ação resultou em sete prisões em três estados: São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul. Os alvos eram lideranças de grupos neonazistas.
Durante as buscas, foram apreendidos facas, suásticas, um coturno, cartazes com mensagens racistas e livros sobre nazismo, além de celulares e aparelhos eletrônicos. A investigação começou em junho, a partir de uma denúncia anônima.
— O que eles visam, além de disseminar o discurso de ódio, é angariar colaboradores, promovendo encontro fechados, incentivando tarefas que gerem caos e ameaçando lugares públicos. O objetivo final destes grupos é promover uma limpeza étnica na sociedade — explica a delegada ao GLOBO.
Atualmente, a polícia monitora 32 mil grupos de conversas de células neonazistas e neofascistas. As investigações mostraram uma rápida escalada no comportamento destes criminosos, que promovem o antissemitismo e a supremacia branca, atacam pessoas LGBTQUIA+ e compartilham conteúdos de pedofilia.
— Percebemos uma mudança de comportamento. Estes atores passaram a promover ameaças a agentes políticos a fim de intimidar e impedir pautas consideradas de defesa de direitos humanos e professores universitários, ou seja, formadores de opinião.
Todos os presos na última fase da operação são lideranças de sete das células mais importantes no Brasil, algumas com conexões com grupos estrangeiros. Estas organizações seguem sistemas de escalonamento de pode, ou seja, para atingir posições de liderança, é necessário realizar ações que comprovem o engajamento em ideologias extremistas.
A partir das informações obtidas na operação, a investigação inicia uma nova fase, com análise de mais de 20 telefones e equipamentos apreendidos, com o objetivo de identificar novos envolvidos e individualizar a conduta de cada um.
Em julho, outra fase da Operação Accelerare resultou na prisão de uma mulher após ela atirar em policiais civis. Moradora da cidade gaúcha de Nova Petrópolis, a suspeita é casada com um investigado e foi detida por resistência e disparo de arma de fogo. A operação ocorreu em 11 municípios dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os alvos da operação são investigados por associação criminosa, apologia ao nazismo, racismo e, em alguns casos, porte ilegal de armas de fogo. No local, os agentes apreenderam duas armas de fogo, munições e parafernália nazista.
Fonte: O Globo