Além de SP, Enel coleciona histórico de problemas em outros estados

Queda de árvores e falta de luz no Itaim Bibi, Zona Sul de São Paulo

Passados quatro dias do temporal que atingiu São Paulo e causou um apagão na capital e nas cidades ao redor, na última sexta (3), o serviço ainda não foi completamente restabelecido. A Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica nos 24 municípios da Grande São Paulo, tem sido a maior destinatária das críticas pela demora no religamento e dificuldades no atendimento aos consumidores, mas essa não é a primeira vez que a empresa sofre críticas sobre a qualidade da prestação de seus serviços, já que enfrentou problemas e investigações em outros estados nos quais atua ou atuou.

Em Goiás, por exemplo, a empresa era a responsável por distribuir energia elétrica no estado desde 2017, mas nunca conseguiu cumprir as determinações do governo estadual para diminuir as constantes quedas de energia. Em 2022, a Enel vendeu a operação para a Equatorial Energia — na época, o governador Ronaldo Caiado afirmou que a transação se deu justamente porque a Enel não foi capaz de prestar um serviço de qualidade. A empresa foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativo de Goiás (Alego).

No Rio de Janeiro, onde a empresa atende 66 municípios, a empresa foi alvo de uma ação civil pública neste ano ajuizada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), que alegou diversas falhas na prestação de serviço em Paraty. Em 2 de outubro, o juiz Juarez Fernandes Cardoso, da Vara de Paraty, determinou que a companhia apresente, em até 60 dias, um estudo técnico que justifique os baixos indicadores de qualidade do serviço e um cronograma para melhoria das falhas, sob multa de R$10 mil diária em caso de descumprimento.

No Ceará, onde a Enel é a concessionária de todo o estado, a empresa também é alvo de uma CPI na Assembleia Legislativa, que apura o não cumprimento de prazos relacionados a atendimentos de ligações com necessidade de obras, cobranças indevidas, e envio de faturas duplicadas para os consumidores. No ano passado, o Ministério Público do Ceará ajuizou uma ação contra a empresa pedindo o pagamento de danos morais coletivos pela má prestação dos serviços.

Em São Paulo, a Enel SP é alvo de uma CPI na Alesp instaurada em maio deste ano, e que conta com deputados de partidos de direita à esquerda. A comissão tem o objetivo de apurar possíveis irregularidades e práticas abusivas cometidas pela empresa, como quedas de energia, a cobrança irregular de valores, a execução de obras e o suporte aos consumidores e prefeituras.

A concessionária ainda enfrenta queda no índice de satisfação dos consumidores no estado. Segundo dados do balanço de sustentabilidade da Enel, o índice de satisfação de qualidade percebida pelos consumidores está em queda desde 2019. O índice era de 69,7% em 2019; de 66,5% em 2020 e de 56,4% em 2021. No ano passado, ficou em 55,5%. A Enel SP está na posição 19º no ranking do Indicador de Desempenho Global de Continuidade da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), entre 29 concessionárias de grande porte avaliadas.

A empresa disse, em nota, que fez melhorias em todos os estados onde atuou. Em São Paulo, destacou que tem feito uma média anual de investimentos de R$ 1,3 bilhão por ano, contra cerca de R$ 800 milhões por ano investidos anteriormente na Eletropaulo.

“Esse volume recorde de investimento está sendo destinado, principalmente, a digitalização e automação da rede elétrica, o que tem refletido na melhora dos indicadores de qualidade e na eficiência da companhia”, disse a empresa. Em relação à Enel Distribuição Rio, os investimentos foram de mais de R$ 4,7 bilhões em sua área de concessão, “com foco na modernização, digitalização e ampliação da rede elétrica”, segundo a nota, com “redução de 45% a quantidade média das interrupções de energia”. No Ceará, o investimento foi mais de R$ 5,1 bilhões e foram entregues oito novas subestações. Já em Goiás, a companhia disse ter realizado “uma verdadeira transformação na infraestrutura de distribuição de energia do estado”, com investimento de R$ 7 bilhões nos seis anos de concessão e a construção de 19 novas subestações.

Fonte: O Globo