A força dos tratamentos da Covid-19 que usam o próprio sistema imunológico

Como não há ainda vacina contra a ação do Sars-CoV-2 e como a Covid-19 por enquanto não tem tratamento definitivo, um campo de trabalho cresce com extraordinária rapidez — a busca por técnicas de fortalecimento da própria engrenagem de defesas naturais do organismo. A mais bem-sucedida é a aplicação de plasma sanguíneo dos curados em acamados. Reportagem da Revista Veja ostra que em decisão inédita no mundo, o respeitado serviço de saúde do Reino Unido (NHS) determinou que todos os pacientes com o novo coronavírus internados, mesmo os que não estão em UTIs, são elegíveis para receber a transfusão.

O princípio do recurso médico é simples: os anticorpos, os fiéis escudeiros contra invasores, que nadam no plasma de uma pessoa já imune, ao serem transferidos para outro organismo, passam a trabalhar avidamente. É o que se alcunhou de “imunização passiva”. Diz José Mauro Kutner, hematologista do Hospital Albert Einstein e coordenador da pesquisa de plasma em pacientes com Covid-19: “As pessoas recuperadas da Covid-19 têm altos níveis dessas proteínas de proteção, que permanecem no sangue mesmo depois do desaparecimento dos sintomas, afastando-as de futuras infecções”. O plasma compõe mais de metade do volume sanguíneo. Amarelado, ele é constituído majoritariamente por água. O restante inclui gorduras, fatores coagulantes, sais minerais e os preciosos anticorpos. É substância tão valiosa que hoje chega a representar 1,6% das exportações totais de produtos nos Estados Unidos, mais do que o país lucra com a venda de aviões.

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