Robinson: “A orientação que dou é que não pode haver negociação”

As cenas de selvageria humana, ontem em Alcaçuz, foram classificadas como um “pequeno confronto” pelo governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria. A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), responsável pelos presídios potiguares, confirma que houve mortos e feridos na quinta-feira, mas não há quantidade definida.

Na entrevista coletiva concedida ontem, o chefe do Executivo estadual negou a negociação entre governo e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele não vê problema em aumentar o número de presos neutros – portanto passíveis de recrutamento – dentro do presídio.

Na terça-feira passada, em entrevista coletiva em Brasília, o governador Robinson Faria disse que havia cerca de 800 presos do Sindicato e 200 do PCC em Alcaçuz. Com a retirada de 220 “sindicalizados” na quarta-feira, cerca de 580 permaneceram no presídio. Para completar, o governo planejava a entrada de 230 detentos neutros em Alcaçuz. Mas só 114 ficaram.

“Pretendemos manter esses presos mais neutros com os presos do pavilhão 5”, disse Caio Bezerra na quarta-feira. Vale lembrar que os presos neutros (chamados de “massa potiguar”) são forçados a escolher um lado quando a disputa entre as facções se intensifica.

Ainda conforme Faria, as transferências são operações complexas, que exigem, por exemplo, autorização dos juízes de execuções penais. Mas mesmo sem autorização judicial, o governo tentou colocar 230 presos na maior unidade penal do RN na quarta-feira.

Além disso, Faria sustentou que a polícia nunca saiu da área interna de Alcaçuz. No entanto, do alto das dunas de Nísia Floresta, onde se têm visão privilegiada de Alcaçuz, não se vê policiais na área interna, permanentemente, desde sábado. Policiais estão 24 horas somente nas guaritas, que segundo ele, já era o suficiente para evitar confronto. Mas o conflito de ontem contraria o discurso do governador. Ontem, as forças táticas da PM entraram em Alcaçuz e continuaram dentro da unidade ao longo da noite e madrugada de hoje.

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