Procópio Lucena: “Vozes dos atingidos pela crise hídrica”

José Procópio (José Bezerra) (2)Nesta terça-feira (26) e quarta-feira (27) estive como presidente do comitê da bacia hidrográfica do Rio Piancó-Piranhas-Açu(CBH PPA), juntamente com a ANA e AESA, participando de reuniões na calha do rio Piranhas-Açu, respectivamente, nos municípios de Pombal e Paulista todos na PB, para discutir a crise hídrica no sistema Coremas/Mãe D’água. Em cada reunião um público de mais de 300 pessoas, entre agricultores, agentes públicos e políticos, movimentos sociais e sindicais, igrejas e outros segmentos interessados. Ouvi e vi a voz dos atingidos pela crise.

A indignação é geral. Um clamor que agoniza. Desconfiança generalizada nos agentes políticos para encontrar soluções que não foram planejadas durantes anos. Surgem ataques e denuncias com razões e sem razões para governantes das 03 esferas de governo. Identifiquei dados e informações contraditórias sobre os múltiplos usos da água deste treco de rio. O sentimento é de total ausência de gestão e planejamento durante anos, pelos órgãos públicos sobre a questão da água.

Percebi também que existem preocupações com o ambiente e com a água, todas sabem que as demandas estão se tornando cada vez maiores, sob o impacto do crescimento acelerado da população e do maior uso da água para irrigação e consumo das cidades, imposto pelos padrões de conforto e bem-estar da vida moderna. Posso afirmar que muito foram as proposições surgidas para manter o processo de irrigação, porém, a realidade do sistema Corema/Mãe D’água e as perspectiva de inverno para 2016 impõem prioridade de uso para consumo humano e dessedentação animal no trecho Coremas até Jardim de Piranhas.

As estratégias neste momento são de prevenção e cuidado com a quantidade e qualidade das águas, dos ecossistemas e da vida, em geral, que vem sendo degradada de uma maneira alarmante, e esses processos podem logo ser irreversíveis, sobretudo se continuarmos acreditando e praticando o consumismo exagerado sem nenhum principio ético. Ficou também estabelecido que os governos nos 03 níveis da federação precisam agir imediatamente com programas e ações para garantir a permanência dos agricultores familiares em suas terras, com dignidade, disponibilizando condições para manutenção dos seus rebanhos animais e meios geradores de renda.

Por fim, a sociedade organizada anunciou que não haverá silêncio diante do descaso dos governantes e se manterá mobilizada para resistir e lutar por direitos e justiça social. Amanhã, quinta-feira, dia 28.05, a reunião será em São Bento-PB. Já sexta-feira, dia 29.05 pela manhã em Jardim de Piranhas e noite em Caicó, ambas na sede do Sindicato dos trabalhadores/as Rurais.

José Procópio de Lucena – Engenheiro-agrônomo

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