Investigação aponta que turmalinas extraídas ilegalmente na Paraíba eram “legalizadas” em Parelhas

Do Site do MPF/PB

Os primeiros indícios de lavra ilegal na área da empresa Parazul Mineração Comércio e Exploração Ltda surgiram ainda em 2010, a partir da coleta de informações e verificações “in loco” realizadas por agentes federais. Conforme relatório de investigação da Polícia Federal, os sócios formais da empresa, Ranieri Addario e Ubiratan Batista de Almeida, associaram-se informalmente a Sebastião Lourenço Ferreira, João Salvador Martins Vieira e ao afegão Zaheer Azizi para explorar e comercializar irregularmente a turmalina paraíba.

Apurou-se que a comercialização da gema era coordenada por Sebastião Lourenço, por intermédio da empresa Mineração Terra Branca. Após a extração sem autorização legal, feita pela empresa Parazul, os investigados encaminhavam a produção para a empresa Terra Branca, localizada em Parelhas (RN), para conferir aparente legalidade às gemas, já que a Terra Branca possui concessão de lavra garimpeira, mas a Parazul não.

A Terra Branca remetia, então, os exemplares da turmalina paraíba para serem lapidados em Governador Valadares (MG), onde atuava João Salvador. De Minas Gerais, as pedras eram enviadas para os Estados Unidos, Tailândia e Hong Kong, por João Salvador e Sebastião Lourenço, que declaravam para os órgãos de fiscalização um valor muito inferior ao valor real de um exemplar de turmalina paraíba.

Cabia ao afegão Zaheer Azizi, residente na Tailândia, vender as pedras no exterior, através da Azizi Enterprises Co. Ltd e Azizi Gems and Minerals Co, e lavar o dinheiro obtido com o comércio ilegal de pedras preciosas. Para realizar a exportação das pedras, os investigados simulavam compra e venda entre as empresas Terra Branca e Liberty Gems, declarando a gema preciosa como se fosse turmalina comum, o que possibilitou a exportação do minério a um preço de 1% a 10% de seu valor efetivo. A Liberty Gems tem o mesmo endereço da Terra Branca, em Parelhas (RN). Conforme apurado, a empresa Mineração Terra Branca é registrada em nome de Ricardo Marchetti Addario (detentor de 20% das cotas), irmão de Ranieri Addario, e em nome de Rômulo Pinto dos Santos (detentor de 80% das cotas do capital social), cunhado de Sebastião Lourenço.

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