Há 75 anos, Dom Delgado chegava a Diocese de Caicó

Dom Jose de Medeiros Delgado -colotidaA novena da Festa de Sant’Ana de Caicó desta terça-feira (26) será especial, e em homenagem aos 75 anos da chegada de Dom José de Medeiros Delgado, primeiro bispo da Diocese de Caicó. O religioso permaneceu como bispo da nossa diocese de 1941 a 1951. Durante a novena desta terça-feira, que será celebrada pelo bispo Dom Antônio Carlos, acontecerá a dedicação da Catedral de Sant’Ana.

De acordo com o advogado Fernando Antônio Bezerra, Dom José de Medeiros Delgado, apesar de laços familiares no Seridó, nasceu na Paraíba, em 28 de julho de 1905, na zona rural do Município de Pombal, atualmente Município de Malta–PB. Era filho de Manoel Porfírio Delgado e Francisca de Medeiros Delgado. Foi ordenado sacerdote no dia 2 de junho de 1929 e empossado como Bispo da Diocese de Caicó em 26 de julho de 1941. Foi um grande construtor. Estruturou não apenas a Diocese, mas fixou obras para a edificação humana. Foi um peregrino ao sair pelas fazendas em busca de donativos. Construiu amizades, inclusive, com líderes do protestantismo, algo difícil para aquele tempo.

Em Caicó, seu episcopado foi de 1941 a 1951. Em seguida, foi nomeado Arcebispo de São Luis-MA e por lá ficou de 1951 a 1963 quando foi transferido para a Arquidiocese de Fortaleza-CE, onde permaneceu até 1973. Mesmo sendo Arcebispo Emérito de Fortaleza preferiu residir em Recife-PE e escolheu a Matriz de São José, antiga Capela do Seminário Santa Cura D’Ars, em Caicó, para abrigar seu túmulo.

Dom Delgado, como assim foi chamado ao longo de seu pastoreio, faleceu no dia 8 de março de 1988. Foi, seguramente, um dos maiores líderes da Igreja Católica no Brasil, inclusive, um dos fundadores da CNBB. Ainda hoje é lembrado por seu protagonismo social e pela firmeza de suas posições. Dom Delgado não foi apenas o fundador do Ginásio Diocesano Seridoense, Seminário Santo Cura D’Ars, Escola Prevocacional de Caicó e a Escola Doméstica Popular Darcy Vargas. Já seria muito, mas ele fez mais! Dom Delgado, seguramente, é o maior construtor de escolas da história do Seridó.

A Professora Paula Sônia de Brito (UFRN), em trabalho de pós-graduação, elencou a gigantesca obra de Dom Delgado no Seridó: “Escola dos Pobres São Vicente de Paulo (Jucurutu); Escola Diocesana Seridoense (Jardim de Piranhas); Escola Pio X (Florânia); Escola de Menores Tomaz Sebastião (Acari); Escola Nossa Senhora das Vitórias (Carnaúba dos Dantas); Escola Nossa Senhora dos Remédios (Cruzeta); Escola Divino Espírito Santo (Ouro Branco); Escola Paroquial São José (São José do Seridó); Escola Rural Jardim Seridoense (Jardim do Seridó); Escola Rural Lagoanovense (Lagoa Nova); Escola Rural Serranegrense (Serra Negra do Norte); Escola Rural Santa Teresinha (São João do Sabugi).” Mesmo hoje, com as facilidades contemporâneas, dificilmente, no mesmo período, alguém faria tanto!

Onde passou edificou obras relevantes e teve uma destacada atuação. Em São Luis, por exemplo, foi um dos fundadores da Faculdade de Filosofia que logo se transformou no embrião da Universidade Federal do Maranhão. Em Fortaleza, dentre outros, reabriu o Seminário Regional Nordeste I; fundou o Centro de Treinamento Frederico Ponte, em Pacatuba; revitalizou o Banco Popular de Fortaleza. Foi, por onde passou, administrador competente, pastor dedicado, pregador coerente e corajoso defensor da Igreja.  Escolheu o Seridó a terra mais amada para, nela, repousar seus restos mortais e, por ela, pela crença dos mais crentes, continuar intercedendo pelo que, em vida, conseguiu milagrosamente edificar. Dom Delgado foi, decisivamente, um homem à frente de seu tempo. Merece mais homenagens! Como arcebispo emérito passou a residir na cidade de Recife, estado de Pernambuco. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Matriz de São José, em Caicó, sua primeira diocese, antiga Capela do Colégio Diocesano Seridoense, construído por ele, como era seu desejo.

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