Forças Armadas assumem a segurança do Grande Recife

A “Operação Leão do Norte” deslocou 3.500 militares das Forças Armadas para atuar na Região Metropolitana do Recife (RMR) realizando atividades de competência da Polícia Militar. As tropas estarão nas ruas dos 14 municípios até o dia 19 deste mês. A intenção é garantir a lei e a ordem durante o período de trabalho reduzido da Polícia Militar, a chamada operação padrão da categoria.

De caráter preventivo e repressivo, Marinha, Exército e Aeronáutica já estão nas ruas do Grande Recife desde às 18h da sexta-feira (9). Eles exercem atividades de competência da Polícia Militar como prisões em flagrante. A previsão é de que, até à tarde deste sábado (10), 1.540 militares já estejam nas ruas. A RMR receberá tropas da Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Bahia, Sergipe e Piauí.
Até o fim da operação, o controle dos órgãos de segurança pública ficará a cargo do General de Brigada Francisco Humberto Montenegro Junior, comandante da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada. A ação foi solicitada pelo governador, Paulo Câmara, e autorizada pelo presidente da República, Michel Temer, na quinta-feira (9). O decreto foi publicado no Diário Oficial da União.

A RMR foi dividida em oito áreas. As Forças Armadas aproveitaram a disposição de seis batalhões da Polícia Militar. “O deslocamento da tropa pode ser a pé, motorizado, por viaturas blindadas ou por helicópteros. Porém, os meios mais utilizados serão as viaturas motorizadas como jipes e caminhões. Os helicópteros serão utilizados para o patrulhamento aéreo, o deslocamento rápido das tropas e observação. O deslocamento dos equipamentos será feito de acordo com a necessidade”, explicou o general de Exército Artur Costa Moura, Comandate Militar do Nordeste.

O general apontou que o foco é no Grande Recife por ser considerada uma região mais crítica no que tange à segurança pública. “Podemos prorrogar a operação caso seja necessário e avaliar, posteriormente, se é necessário estender a atuação das Forças Armadas no estado”, detalhou.

A comerciante Josina Faria diz que assiste de perto a criminalidade no bairro da Várzea. Ela espera que as Forças Armadas tragam uma sensação de segurança para a população. “Nós já vivemos uma crise segurança no estado. Vejo assaltos e brigas constantes aqui e olha que tem uma delegacia de polícia bem atrás do meu comércio. Tudo isso só piora com a falta da PM”.

Morador do bairro da Várzea, Jorge Cordeiro espera que os militares, realmente, trabalhem para diminuir a incidência de crimes. “Porque estamos cansados de saber que tem policiais militares à disposição, mas não os vemos nas ruas. Quem sabe as Forças Armadas não tragam o que perdemos há tempos: a segurança”

Operação padrão
Policiais e bombeiros militares fizeram uma passeata na sexta-feira (9), logo após a prisão do presidente da Associação dos Cabos e Soldados de Pernambuco (ACS-PE), Alberisson Carlos, e do vice da associação, Nadelson Leite. Os PMs e bombeiros caminharam até o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo do estado, onde asseguraram que não há greve, mas que vão cumprir a decisão da última assembleia: sem adesão aos Programas de Jornadas Extra (PJEs) e manuntenção da operação padrão.

O Comando da Polícia Militar de Pernambuco informou, na ocasião, que a prisão em flagrante se devia ao descumprimento da ordem judicial que proibia bombeiros e policiais militares de se reunirem para discutir greve. Neste sábado, o secretário de Defesa Social do estado, Ângelo Gioia, apontou que eles responderão por motim e práticas de crimes militares.

“Quando se fala em não decretação de greve é porque eles sabem que é ilegal. O que se decidiu ontem [sexta] foi óbvio em evitar um embate, absolutamente, estúpido e desnecessário. O que nós assistimos foram dois indivíduos usando associações para se arvoraram em atividades sindicais. O que é inconstitucional e ilegal. O governo estadual pediu o apoio para oferecer sossego e garantir a segurança da população na rua”, apontou.

A prisão aconteceu na Praça do Derby, na região central do Recife, durante discurso do presidente em um trio elétrico no local. Para o advogado da ACS-PE, François Cabral, a prisão foi ilegal. Cabral aponta que lideranças de outras associações militares estavam no mesmo trio elétrico que os chefes da ACS-PE, mas que nenhum deles foi preso.