Encontro em Caicó discutiu ações de prevenção ao suicídio nos municípios do Seridó

Foto: Marcos Dantas

Foto: Marcos Dantas

Em reunião na manhã deste sábado (19) no Centro Pastoral Dom Wagner em Caicó, profissionais de saúde, prefeitos eleitos e reeleitos, representantes de entidades e associações discutiram a adoção de medidas que contribuam com a valorização da vida, e a prevenção ao suicídio. O encontro foi provocado pela Diocese de Caicó, em parceria com a UFRN, psiquiatras e psicólogos e demais denominações religiosas.

No início de sua apresentação, Dom Antônio Carlos apresentou dados do ITEP de Caicó, quando apontam para 203 casos de suicídios registrados, no período de 01 de Janeiro de 2010 a 31 de Outubro de 2016.

O encontro também reuniu autores de estudos acadêmicos sobre o tema, como a parelhense Lucélia da Silva Souza, graduada em História pela UFRN e estudante do curso de Enfermagem na Faculdade Integradas de Patos (PB) que apresentou o estudo denominado de “Comportamento Suicida: um grito emergente na Saúde Pública”, com destaque para os casos envolvendo a cidade de Parelhas ao longo dos últimos anos.

O segundo estudo apresentado no encontro foi pelo professor do IFRN de Currais Novos, engenheiro agrônomo, biólogo e doutor em Agronomia, Saint Clair Lira Santos, que teve como tema “Agrotóxicos: um perigo em silêncio”. Sua tese é de que a falta de equilíbrio em algumas formas de produções na região pode exercer algum tipo de influência de suicídios, principalmente provocado pelos agrotóxicos.

A terceira e última abordagem do encontro foi feito pela Irmã Maria do Socorro Dantas, da Congregação do Amor Divino, sobre Práticas Restaurativas, chamando a atenção para a importância de estimularmos as pessoas a enfrentarem os seus conflitos. “A mudança não acontece de fora pra dentro, mas de dentro pra fora. Aumentando a violência, os homicídios e suicídios no Brasil, o que está acontecendo? Precisamos de estratégias para melhorar as pessoas”, defendeu.

Para Dom Antônio Carlos, o encontro foi bastante proveitoso, e a idéia central foi debater, dentro das competências de todas as entidades envolvidas e, principalmente da sociedade como um todo, o que podemos fazer para mudar o quadro. “Dizer que é problema de depressão não me convence, pois o índice teria que ser alto em todos os lugares. Independente que seja depressão, porque alguém que tem depressão no Seridó fica mais vulnerável do que em outros lugares”, explicou.

O religioso voltou a provocar a Universidade Federal do RN, na ocasião representada pela diretora do Ceres, Professora Sandra Kelly a realizar um estudo disciplinar, constatando o que está por trás dos suicídios registrados no Seridó. “Será que não tem alguma coisa no consciente coletivo do seridoense que o torna propenso ao suicídio, além dos fatores culturais? Mas isso tem que ser checado pelos profissionais. E aos gestores e profissionais de saúde, o que a nível de administrações municipais poderemos fazer? Como Igreja, em que podemos ajudar? São as respostas que precisamos encontrar urgentemente”, finalizou.